sábado, 15 de setembro de 2007

Travessa dos Amores

Queria escrever algo original mas parece que a inspiração hoje tirou folga.

Remexendo em papéis antigos, encontrei esta passagem que em tempos guardei para uma partilha que ficou esquecida na gaveta.

Alguém viu?

«Numa aldeia de pescadores, chamada Burgau, virada a Sul no Barlavento Algarvio, existe uma Travessa, mas não é uma Travessa qualquer, é uma travessa onde apenas passa uma pessoa de cada vez. É de tal maneira estreita que se a pessoa for muito forte fisicamente terá dificuldade em passar. A história conta que nesta aldeia os namorados passavam a travessa da única forma possível, ao mesmo tempo mas de lado e frente a frente até se tocarem com os narizes, até se tocarem com os lábios. Esta travessa existe de facto e a tradição continua viva, viva como um amor frágil, forte como o tempo a passar. A Travessa dos Amores é única de tão estreita que é. As pessoas continuam a passar naquela rua estreita e curta, às vezes dois a dois, com o amor e um beijo pelo meio, e o tempo necessário para amar.»

Nuno Leal Ângelo, in CAIS #111

2 comentários:

AT disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
AT disse...

Leio esta passagem pela primeira vez. E regresso ao Burgau. À primeira semana de férias que lá passámos, ao final do ano e às mudanças que se avizinhavam. Brindo ao sol, ao mar e ao nascer de um sonho. E sem que possa fazer nada para impedi-lo começo a percorrer os mil e um recantos desta pequena vila. Um a um, sem pressas, em busca da Travessa dos Amores e das suas histórias. Lá está ela. Cheguei. Mas fico apenas “o tempo necessário para amar”. Até que os nossos lábios e narizes se toquem num relâmpago de imaginação. E a Travessa dos Amores fica livre outra vez. Aproveitem.