segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Eu tenho dois amores...




David Fonseca numa versão mais colorida.

Tiago Bettencourt saído da casca.

Confesso. Gosto muito dos dois.

quarta-feira, 10 de outubro de 2007

Estávamos quase a entrar em Dezembro

A ti, M., porque também tenho saudades tuas


Estávamos quase a entrar em Dezembro, mas a noite até nem estava fria. Já escurecera há algum tempo quando nos fomos reunindo à porta do Cenoura do Rio e tudo era diferente do costume. Para trás ficava o convívio nos intervalos das aulas. Agora éramos nós por nós. Estávamos soltos, sem pastas nem horas. Livres, por isso desprotegidos.
Entrámos calmamente no restaurante e sentámo-nos. Seguimos a rigorosa etiqueta das proximidades. Junto a mim só podias estar tu. Não me recordo se estavas ao meu lado ou à minha frente. Não importa, tudo é a minha beira.
Veio a comida. Um quadrado ordeiro de bacalhau com natas. Tomate, alface e cenoura numa salada bem comportada. Tudo limpo, tudo sereno.
Tão leves quanto a comida corriam as conversas. As banalidades eram mais do que isso. Eram partilha e descoberta. Dos assuntos esqueci-me mas lembro-me do bem-estar naquela noite. O entendimento crescia de cada vez que alguém levava comida à boca.
Então veio a sangria. Não lhe tocaste porque ias conduzir. Guardo ainda a pequena mágoa privada de nunca termos sincronizado bebedeiras. Quem sabe, um dia. Naquele dia tinhas de levar-nos para casa. Por isso, enchi só o meu copo. Uma, duas, demasiadas vezes e perdi a conta.
Quando as caloiras quiseram fazer uma brincadeira, engelhei o nariz, porque me parecia que a tentativa ia ser frustrada, a nossa faculdade não era dada a essas coisas e muito menos o nosso curso, mas vocês lá me convenceram e participei na coisa. A coisa resultou mesmo e nessa altura, nessa noite em que já éramos finalistas fomos caloiros e padrinhos e doutores e eternamente estudantes por uma noite, e eu pensava no que poderia ter sido o nosso curso e só este pensamento ensombrava a alegria. Não sei se foi o álcool ou o entusiasmo do momento mas quando o restaurante se transformou, surpreendente, em pista de dança, já eu estava mais do que preparado para a música, e ela não tardou e era rápida e ritmada e alegre e sensual e tão violenta que o chão por baixo dos nossos pés parecia poder cair a qualquer altura. Dançámos, perdemos vergonhas e todos pudemos ver como se transfigurava a Tété na pista, e quando tocava um êxito o teu desdém contrastava com a alegria com que a Tété trocava o recato habitual por um rebolanço quase sensual, mas davas o braço a torcer e entravas na onda, era euforia, era uma união que nunca tínhamos vivido e ao mesmo tempo a individualidade completa, radical, para que vos quero, basta-me esta música.
Então vieram as bebidas brancas e apagaram o passado e o futuro. Talvez um Sminorff Ice para começar e mais qualquer coisa já não sei, mas olha quem ele é como raio veio parar aqui que coincidência encontrarmo-nos aqui quando eu nunca cá tinha vindo sequer, a música está muito alto não dá para falarmos não faz mal, está a dar-me um copo e eu pasmado obrigado a bebida é sempre bem-vinda, mas tu não me deixas beber, pode ter qualquer coisa aí dentro gritas, eu rio-me da ideia ridícula, ele é meu amigo, e bebo, e danço e danço e danço os outros já não vêem o meu corpo e ele só me serve para dançar e não parar não controlo os meus pés o chão foge-me e só espero conseguir fugir do chão, e Tété olha este som é um espectáculo, e a música bate-me atinge-me entranha-se a música sou eu, e aqueles dois estão-se a comer ali no canto a gaja até é lá da faculdade a gaja roça nele promete-lhe um strip e assedia-o até não poder mais, nunca te imaginei tão maluca, quem te mandou prometer sexo ao som das Pussycat Dolls doravante serás uma delas nem que seja na alcunha, e danço danço e o último Smirnoff e as escadas para o wc estão cada vez mais íngremes e bailarinas, das nossas colegas algumas já desmobilizam mas nós ficamos mais uma hora ou duas números para quê o que interessa é a música, esta é a noite este é o momento esta é a memória tirem-se fotografias recorde-se a música e que tudo perdure para além da noite a noite em que saímos pela primeira vez a noite em que conheci Small Town a noite que não podemos esquecer que devíamos repetir que deveria ter existido esta noite em que nós somos a música.

segunda-feira, 1 de outubro de 2007

Narcisismos


Alguém me explica porque é que 90% das pessoas que têm cães de estimação, optam por versões caninas de si próprias?