domingo, 29 de junho de 2008

Educação musical

A minha irmã anda-me a educar musicalmente. Apresentou-me Arctic Monkeys, Kaiser Chiefs e Kings of Convenience com relativo sucesso, apesar do meu pouco entusiasmo.
Mas tenho de destacar uma música na qual me viciei. Oiço já há meses e nunca me farto da atmosfera absurdamente dançável e dançante, para além de uma letra fantástica que gostava de ter sido eu a escrever. O videoclip é engraçado, apesar de ter pouco a ver com a atmosfera que atribuo à música.
Chama-se "I'd rather dance with you" e não tem nada a ver com o resto do álbum dos Simon & Garfunkel, perdão, dos Kings of Convenience.
Ah, para que conste, a minha irmã tem 17 anos.

Ó gente da minha terra

Agora que a Mariza tem um novo cd (suportado numa máquina promocional como poucas tem havido em Portugal, diga-se), deixo aqui a recordação de um momento que vi ao vivo.
Sou o menos nacionalista dos portugueses, mas esta coisa ainda me arrepia de cada vez que revejo ou reoiço.

http://www.youtube.com/watch?v=TeOhPR_0x8E

sexta-feira, 27 de junho de 2008

Os palhaços não faltam, estão é nos sítios errados

Um estudo económico-social de uma investigadora do ISEG e de outra do Instituto de Apoio à Criança concluiu que as crianças de Loures são as mais infelizes.
O presidente da Câmara de Loures respondeu assim:

http://www.loures.tv/gca/index.php?id=185

(Recomendo-vos que não se dêem ao trabalho de ver os outros vídeos da página, mas o de Carlos Teixeira vale muito a pena.)

Este senhor está à frente dos destinos políticos de 200 mil pessoas. Assim vai o poder autárquico em Portugal.

segunda-feira, 23 de junho de 2008

Porque sim


"Amigos

Tenho amigos que não sabem o quanto são meus amigos.
Não percebem o amor que lhes devoto
e a absoluta necessidade que tenho deles.

A amizade é um sentimento mais nobre do que o amor,
eis que permite que o objeto dela se divida em outros afetos,
enquanto o amor tem intrínseco o ciúme, que não admite a rivalidade.

E eu poderia suportar, embora não sem dor,
que tivessem morrido todos os meus amores,
mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!

Até mesmo aqueles que não percebem o quanto são meus amigos
e o quanto minha vida depende de suas existências ...

A alguns deles não procuro, basta-me saber que eles existem.
Esta mera condição me encoraja a seguir em frente pela vida.

Mas, porque não os procuro com assiduidade,
não posso lhes dizer o quanto gosto deles.
Eles não iriam acreditar.

Muitos deles estão lendo esta crónica e não sabem
que estão incluídos na sagrada relação de meus amigos.
Mas é delicioso que eu saiba e sinta que os adoro,
embora não declare e não os procure.

E às vezes, quando os procuro,
noto que eles não tem noção de como me são necessários,
de como são indispensáveis ao meu equilíbrio vital,
porque eles fazem parte do mundo que eu,
tremulamente, construí,
e se tornaram alicerces do meu encanto pela vida.

Se um deles morrer, eu ficarei torto para um lado.
Se todos eles morrerem, eu desabo!
Por isso é que, sem que eles saibam, eu rezo pela vida deles.

E me envergonho, porque essa minha prece é,
em síntese, dirigida ao meu bem estar.
Ela é, talvez, fruto do meu egoísmo.

Por vezes, mergulho em pensamentos sobre alguns deles.
Quando viajo e fico diante de lugares maravilhosos,
cai-me alguma lágrima por não estarem junto de mim,
compartilhando daquele prazer ...

Se alguma coisa me consome e me envelhece
é que a roda furiosa da vida
não me permite ter sempre ao meu lado,
morando comigo, andando comigo,
falando comigo, vivendo comigo,
todos os meus amigos, e, principalmente,
os que só desconfiam
- ou talvez nunca vão saber -
que são meus amigos!

A gente não faz amigos, reconhece-os".

Vinicius de Moraes

domingo, 22 de junho de 2008

Anabolizante


Definição de 'anabolizante' pelo meu pai:

"Substância que nos faz ficar com um corpo parecido com o da Ana Bola."

sexta-feira, 20 de junho de 2008

A barriga da gente

Um grupo de jovens de uma escola estado-unidense fez um pacto de gravidez. Ninguém sabe bem quando, onde, como nem porquê, mas o que é certo é que há 17 grávidas. Ao que parece, os pais foram escolhidos mais ou menos ao acaso e a fava até saiu a um sem-abrigo.
Fiquei completamente fascinado com esta estória. É para tentar decifrar um acontecimento destes que vale a pena ser um animal racional.

quarta-feira, 18 de junho de 2008

A Ilha

Há poucos dias fiz a minha primeira viagem de avião. Há poucos dias conheci os Açores, apresentados pela Terceira. Ao mesmo número de dias perdi alguém de vista. Para sempre.

Estava tensa e ansiosa. Tive que gerir o facto de não ter escolhido o dia, o destino e a companhia da primeira viagem de avião. O momento que deveria ter sido programado, pensado e repensado, acompanhado de uma mão e de uns olhos familiares foi-me lançado quase de véspera. De repente, tinha ao meu lado duas pessoas que fazem dos lugares de avião a sua casa. No momento da descolagem, a música ambiente do avião era a one hit song de Shawn Mullins, Lullaby. O refrão era claro: “everything is gonna be alright, just rockabye”… E eu acreditei na letra. Tinha o Sol em cada lado, o Expresso ao colo e o Shawn Mullins no ar. De repente, estava a levitar. Já tinha imaginado vezes sem conta como iria descrever a sensação da descolagem: levitação é a minha eleita. Da janela via a minha adorada Lisboa minguando e pensava como sou pequena e indefesa. Um grão de pó no ar. E, por cima das nuvens, senti um respeito imenso por aquela máquina, asas, turbinas, motores e tripulação. Senti um respeito imenso pela morte, a mesma que, nesse dia, sem saber, levaria alguém que deveria estar a aproveitar as suas merecidas férias com sabor a mojitos à beira-mar.

A Terceira. Linda de morrer. Mais uma vez, o pensamento da morte e da vida. Inevitável numa ilha que nasceu da morte vulcânica, que parece intocada pela mão do Homem. Um paraíso no meio de um oceano. Verde do mais verde, azul do mais puro. A acelerada condução do guia incansável que nos mostrou tudo quanto possível em dois dias, por curvas e contra-curvas, subidas e descidas sinuosas, faziam-me querer conhecer mais e mais. Ali estava eu, no meio de um grupo de seres de idades e vivências tão diferentes, tão ricas. O prazer do riso, das conversas e da partilha testemunhados pelas mantas de retalhos. Três chamadas não atendidas. Uma mensagem de voz de alguém querido que está longe. Uma preocupação às três da madrugada da Terceira, quatro de Lisboa. Um pedido de devolução de chamada quando propício o momento, um timbre de voz triste, um anúncio de má notícia.

Uma noite depois, a chamada, nos poucos minutos em que me encontrei só. A notícia recebida no meio das hortênsias e do azul, sempre o azul, no horizonte dos meus olhos húmidos. Como gerir uma informação destas quando se está insulada do resto do mundo e, ao mesmo tempo, absorvida do propósito e das caras que me levaram aos Açores… Respirei fundo e pensei que só podia racionalizar a informação recebida na segunda-feira, de regresso a Lisboa e à realidade. Pelo meio, as inevitáveis lágrimas, a partilha. Sempre. Constante. A troca de confidências, de cartões de contacto, de promessas de regresso e de projectos. Flashes daquela pessoa com um sorriso lindíssimo e aberto. Os olhos. Azuis. O tapete com a bagagem que nunca mais chegava, a boleia à espera, o café nas escadas, a gargalhada. Mais dois flashes que vieram e foram. O regresso. Sacos no chão. Telefonema de parabéns à JP, o conforto da voz amiga, o não contar a notícia sobre a pessoa que não conhece. O querer adiar a constatação da realidade. A mensagem escrita de alguém que também precisa de fazer o luto. O recordar do azul profundo dos olhos curiosos que me disseram até breve na partida da ilha comum no último dia do emprego que nos apresentou.

A J. morreu numa ilha longe da Terceira. No mesmo dia que levitava no ar e pensava na vida e na morte, a J. morria numa estrada espanhola. Tinha 26 anos e só queria ir de férias para descansar do trabalho incessante e beber mojitos à beira-mar. Por mais cliché que pareça, lidar com a perda de alguém tão novo faz-me querer agarrar a vida o mais que possa. Faz-me querer dizer aos meus amigos e família o quanto gosto deles. Faz-me dizer mais disparates só por dizer e para poder rir. Faz-me querer apaixonar pelo rapaz que conheci há poucos dias. A J. só tinha 26 anos. Não é justo.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

There’s nothing wrong with the blueberry pie



Why do you keep them? You should just throw them out.
No. No, I couldn't do that.
Why not?
If I threw these keys away then those doors would be closed forever and that shouldn't be up to me to decide, should it?
I guess I'm just looking for a reason.
From my observations, sometimes it's better off not knowing, and other times there's no reason to be found.
Everything has a reason.
Hmm. It's like these pies and cakes. At the end of every night, the cheesecake and the apple pie are always completely gone. The peach cobbler and the chocolate mousse cake are nearly finished... but there's always a whole blueberry pie left untouched.
So what's wrong with the blueberry pie?
There's nothing wrong with the blueberry pie. Just... people make other choices. You can't blame the blueberry pie, just... no one wants it.
Wait! I want a piece.

Nem tanto ao leite nem tanto ao vinho

"Se os portugueses sentirem que Manuela Ferreira Leite tem tanto desejo de liderar a oposição como Amy Winehouse teve de subir ao palco do Rock in Rio, então ela não irá longe. Manuela Ferreira Leite ganhou. Está de parabéns. Se ela mostrasse, já não digo um sorriso, que seria muita loucura, mas um mínimo de contentamento, a honra não lhe caía na lama e eu dormiria bastante mais descansado".

João Miguel Tavares, DN, 03.06.08