terça-feira, 29 de janeiro de 2008

Declaração ao amor



"O melhor do mundo são as crianças”, escreveu Fernando Pessoa. Discordo. O melhor do mundo é o amor que nós, adultos, temos pelas crianças. Não há sentimento mais fantástico e fascinante.
Não fujo ao normal. Também gosto de crianças, também não consigo dizer o que nos faz ser capazes de ficar tanto tempo a vê-las brincar, comer ou dormir. Mas o que mais me fascina é a própria reacção que temos perante os miúdos. Uma reacção ímpar entre os comportamentos humanos.
Quem pega num bebé, seja da família ou desconhecido, está genuinamente preocupado com ele e não quer outra coisa senão que ele esteja bem, mesmo que isso implique um sacrifício do seu bem-estar. É sincero e sentido o choque que a pessoa sente ao ouvir nas notícias que havia crianças entre as vítimas de um qualquer atentado.
O que faz o homem mais frio desenterrar caretas de meninice para tentar fazer rir um bebé? Certamente o mesmo sentimento que une uma mulher de 90 anos e uma menina de 9 no cuidado e carinho que dedicam a um recém-nascido.
Não quero saber de explicações biológicas. Afastem de mim evolucionismos e sobrevivências da espécie. Prefiro o mistério deste amor que se define a si próprio. Altruísta, desinteresseiro e dedicado como nenhum outro.