quinta-feira, 27 de março de 2008

Noite inquieta

Não dou muita importância aos sonhos que, volta e meia, vencem o sossego do meu sono. Mas esta noite acordei em pânico com um pesadelo horrível. Pela segunda vez no mesmo mês, sonhei com a morte. A minha. Da primeira vez, levou-me. Desta vez, tentou mas não conseguiu.

Abracei o dia da melhor forma que pude.

Espero dormir melhor esta noite.

quarta-feira, 26 de março de 2008

João Manuel Serra, 78 anos

Finalmente conheço o nome e a idade por trás do rosto que corporiza o olá nocturno na zona do Saldanha.

«Chamam-me o senhor do adeus, mas eu sou o senhor do olá». Começa assim a peça que a Única lançou este sábado.

No ano em que morei naquela zona, quase todas as minhas noites eram interpeladas por aquela presença quase fantasmagórica. Ali estava, a partir das 0:00 no separador central da avenida que intercepta o Saldanha.

Tudo isto é solidão?
«Essa senhora é uma malvada, que me persegue por entre as paredes vazias de casa. Para lhe escapar, venho para aqui. Acenar é a minha forma de comunicar, de sentir gente».

Quando não o encontrava, não deixava de ficar preocupada. O que poderia ter acontecido? Teria o senhor de cabelo branco, casaco de tweed acastanhado, e óculos com armação de massa escura, faltado à sua missão? Ter-se-ia atrasado simplesmente? Teria mudado de localização? Ou desaparecido?

A presença do João, agora com nome, é inquietante. A não presença torna-se ainda mais incómoda.

«Sou preguiçoso para tudo, menos para dizer adeus a quem por aqui passa. A vida dá estranhas voltas, o meu destino é acenar a quem me cumprimenta. Estou sujeito a que me chamem maluco, mas não me importo. Da minha solidão, sei eu».

Os carros passavam. Buzinadela garantida. E ele lá dizia adeus, aliás, olá, fizesse frio ou chovesse. Pensava que caminhava para a loucura. Afinal, fugia da solidão.

Iria acenar para Marte?
«Se lá houvesse carros, pessoas com quem comunicar e essa senhora malvada, que dá pela graça de solidão».

João, agasalha-te. Esta noite faz frio.

segunda-feira, 24 de março de 2008

Sweet Temptation

Altivo, destacava-se dos outros com a sua tez escura.

Descaradamente diferente, saltava à vista de quem passava. Não resisti a olhar uma e outra vez. Egoísta, tomei a iniciativa antes que qualquer outro olhar furtivo o roubasse da minha vontade. O preço a pagar não era muito elevado e, na verdade, nada tinha a perder. Precisava daquilo e sabia-o bem.

A abordagem foi directa e precisa. Nem dois minutos seriam necessários para tê-lo só para mim. Indiferente ao olhar dos outros, afastámo-nos. Ali estava ele, estático. Mesmo à minha frente. Passivo, esperava que tomasse as rédeas do momento. Nem podia ser de outra maneira.

O primeiro toque. Doce e suave. Demorado. Os níveis de serotonina aumentavam a cada nova investida. A satisfação era evidente. Nem tentei disfarçar. Ali estava eu, à frente de todos, a ceder às delícias do pecado.

Foi, sem dúvida, o melhor bolo de chocolate que comi.

terça-feira, 18 de março de 2008

Tokio Hotel fans

Isto da internet e dos blogues tem a sua piada. Podemos dizer mal dos fãs dos Tokio Hotel que um alegre alemão pica a isca no motor de busca, pensa que somos aficcionados como ele e ainda vem dizer que precisa de um intervalo para uma bica. O mundo está louco. I need a coffee break.

Tokio Hospital

Parece que anda aí uma banda de miúdos alemães a fazer estragos nos corações das adolescentes portuguesas… Tokio Hospital. Ah, não, parece que é Tokio Hotel. Sim, é isso mesmo.

No fim-de-semana passado, as fãs acamparam no exterior do Pavilhão Atlântico enquanto aguardavam a tão ansiada abertura de portas do Hotel por duas horas instalado em Lisboa.

Mas a vocalista…ou o vocalista, um ser andrógino de nome Bill, foi alvo de uma faringite. Resultado, o concerto foi adiado, para grande tristeza das raparigas. Quando vi as notícias no domingo não pude deixar de rir, com alguma malícia negra, ao ver os rostos desolados das fãs. Uma delas, entre soluços de choro descontrolado, dizia que estava triste e preocupada, não pelo adiamento do concerto, mas pelo estado de saúde do vocalista da sua banda favorita.

OK, aquilo tudo já me pareceu muito estranho. E sim, eu também fui fã, também tinha um ou outro poster colado na parede do quarto – o meu pai detestava e eu ainda colava mais um ou outro do Nick dos Backstreet Boys – mas pronto, era só isso. Ouvia as músicas, via tudo na MTV e no VIVA. Sabia os mexericos todos, comprava a Super Pop e a Bravo. Mas tudo muito saudável. Nada de choros nem de histerias. Credo!

Mas quando achava que tudo tinha visto, a reportagem da Tabu desta semana caiu-se-me como uma cerejinha no topo do bolo japonês. Deixo citação de duas fãs da banda em questão:

«A certa altura, já não suportava o meu namorado e só pensava no Tom. Ele também já não suportava ouvir-me falar do Tom. Cheguei a tratá-lo por Tom sem querer».

«Não sou capaz de namorar com ninguém porque gosto do Bill, por isso dou desprezo a todos os rapazes. O Bill é perfeito e, desde que gosto dos Tokio Hotel, não consigo pensar em mais ninguém. Enquanto tiver esta obsessão, vou estar sempre a comparar os rapazes com o Bill. As verdadeiras fãs são assim».

As verdadeiras fãs são assim?

Pronto, já descobri porque estou solteira. David Fonseca, ninguém se compara a ti!