quarta-feira, 28 de maio de 2008

AR de graça ®

(Pequena nota introdutória: depois do sucesso da análise aos 10 Mandamentos de Maria Duarte Bello, instituo o AR de graça®, um apontamento de periodicidade incerta que pautará pela análise de preciosidades encontradas nos media. O conteúdo não deverá ser levado muito a sério).

A Única (a julgar pela minha recente actividade blogueira, parece que não leio mais nada. Não parece, é mesmo verdade. Para além desta, e como o nome indica, não existem mais publicações) desta semana recolheu um conjunto de frases de figuras públicas que é um verdadeiro mimo e ao qual não podia deixar de lançar a minha análise. É curioso como todas as frases se relacionam emitindo, no fundo, mensagens subliminares que incitam ao consumo de marijuana.

“Sempre usei droga para abrir minha percepção. Quando tenho uma dúvida, uso marijuana como terapia. E aí aflora, porque a resposta está dentro de mim”.
Ney Matogrosso. Cantor Brasileiro.


Ora aqui está uma frase inteligente para começar. Eu cá quando tenho dúvidas utilizo a net, faço uso do poder de interrogação junto de outrem ou folheio um dicionário. Nunca tinha visto a marijuana como uma alternativa a estes meios de aprendizagem. Vendo bem as coisas, a marijuana é natural e dispensa o consumo de energia, de voz ou papel. Grande Ney! Logo vi que o teu apelido tinha que ter conotação duvidosa. Não me arranjas um pezinho de erva do teu mato? Vá lá, tens tantos! Até aflora!

“Gosto muito que nos meus canteiros não haja ervas daninhas”.
Angela Merkel. Chanceller alemã.


Pronto, se calhar é porque nunca viu o mato do Ney. Oh Angelita, vê lá é se as ervas daninhas que andas a jogar fora não serão folhinhas de marijuana.

“Uma loira é como uma cerveja, sabe sempre melhor”.
Lara Carmo. Ex-concorrente do Big Brother.


Humm, então tu deves ser bem insonsa, tal é a autenticidade do pigmento amarelo que abunda nessa cabecinha de levedura. Mas, em caso de dúvida, meus senhores, nada como recorrer ao pezinho de marijuana para perceber se a pequena é loira ou morena.

“Sem saltos altos não consigo pensar”.
Victoria Beckam. Ser de iluminada sapiência e inigualável discernimento (vá, isto sou eu a exagerar. A revista designa-a como Ex-Spice Girl. Nem é muito diferente do que escrevi).


Eu pensava que a Victoria Beckam calçava saltos nos eventos sociais, nas lides domésticas, nos desfiles pela via pública… A julgar pelas intervenções de que é conhecida, ninguém diria que a esposa do Becks não anda a usar alturinhas nos pés. Mas lá está, o segredo da afloração de pensamento não está no salto Victoria! Está na marijuana.

“Cindy Lauper vai andar por cá muito tempo. Madonna estará fora da indústria daqui a seis meses”.
Jay Cocks no ano de 1985, então editor da Billboard.


Jay, as tuas previsões são tão exactas como a refinada ciência do oculto praticada por essa linda pomba branca de nome Linda Reis. Da Madonna lembro-me de um videoclip em que ela aparece com o cabelo tingido de várias cores. Uma maluca, essa miúda! Desapareceu num ápice. Já a Cindy, é vê-la aí num grande regabofe com o Timberlake enquanto cantarolam que só têm quatro minutos para salvar o mundo.

Quatro minutos! Já desperdiçaste três com este post.

Vai uma passa?

terça-feira, 27 de maio de 2008

MR, avô da AR

Uma das últimas edições da Única publicou uma peça sobre “seis histórias das heranças íntimas de famílias mediáticas: um Prémio Nobel (José Saramago), um militar entre o herói e o vilão (Otelo Saraiva de Carvalho), o médico que reduziu a mortalidade infantil nacional (Albino Aroso), um empresário de sucesso (Alexandre Soares dos Santos), o homem que mais leis fez em Portugal (António Almeida Santos), um Prémio Pessoa (João Bénard da Costa) e, sobretudo, os seus meninos do coração”. Com a legitimidade de uma neta desconhecida, traço neste post a história de um bon vivant (MR) que tem quatro meninos do coração.

A minha família não é mediática. O meu avô não escreve livros, não é herói militar, não trata da saúde das crianças, não tem empresas, não redige leis e não faz filmes. Do alto dos seus 75 anos, o meu avô vive a vida. Ao máximo.

“Então avô, 65 anos?”, perguntava. “Não! Que ideia! 56!”. Durante anos, a piada foi sempre esta. A 19 de Abril de todos os anos, o MR respondia o inverso da idade completada num dia, dizia, igual a todos os outros: cheio.

Não me lembro do meu avô paterno. Faleceu quando tinha pouco mais de um ano de vida. O meu avô MR foi, e é, a figura masculina ancestral da minha família. Aos domingos, ainda criança, o meu passatempo favorito era remexer nas caixas de fotografias que a minha mãe guarda no móvel da sala. As imagens levavam-me a um país que (ainda) não conheço, de areias desérticas, camelos e labirínticas medinas. Nascido em Queluz, no seio de uma família pobre, o MR cedo partiu, com os tios, para o continente africano.

Marrocos recebeu-o e lá ganhou a paixão dos motores, dos óleos e dos aceleradores dos automóveis cujo arranjo lhe deram uma vida estável. As fotos que a minha mãe guarda mostram um MR destemido que se debruçava em penhascos na zona de Fez, acelerava em motas nas ruas de Casablanca (o que lhe provocou um coma de algumas semanas) e organizava grandes almoçaradas com amigos e família. Bom vinho incluído.

Depois de Marrocos, o regresso a Portugal. Na bagagem, o ofício dos carros, uma mulher doente, dois filhos quase adultos e os poucos pertences que decidiram fazer passar na alfândega tão bem conhecida das férias de Verão rumo ao Algarve.

A minha avó materna faleceu pouco depois, sem conhecer os quatro netos. O MR fez o luto com a naturalidade de quem sabe que a vida consegue ser rude e imprevisível como a arte mecânica dos automóveis. Mulheres, lindas, novas, velhas, magras, gordas. O MR teve muitas.

Do motor passou para o volante. Durante anos, foi motorista do embaixador do Zaire. Entre uma e outra ida à papelaria da Fontes Pereira de Melo, conheceu a companheira, quase 20 anos mais nova, com quem vive há mais de 15, entre algumas zangas, dois casamentos e um divórcio. Todos os processos com a mesma pessoa. De pele muito branca e olho azul, são essas cores tranquilas que amparam o colérico MR nas suas crises de engenho tecnológico. Um dos seus hobbies é fazer experiências com leitores, TV’s e outros equipamentos que vai adquirindo através de suaves prestações no Jumbo de Alfragide.

As idas à casa do meu avô, na Reboleira, eram verdadeiros happenings. O meu avô era sinónimo de travessia do Tejo, com direito a autocarro amarelinho. Era sinónimo de sotaque francês carregado, herança da vivência cosmopolita de Casablanca, de teimosia, cantarolices, histórias surreais e uma energia imensa.

O MR tem diabetes e colesterol elevado. É hipocondríaco. Sabe o nome de todos os medicamentos e acha que tem todas as doenças. O seu maior divertimento é vencer as maleitas ou, pelo menos, contorná-las, recorrendo ao medicamento que entende tomar, ainda que contra indicação do médico de família. O MR tem um farmacêutico amigo que lhe “facilita” o acesso ao último grito da boticária.

Pela primeira vez, neste aniversário, o meu avô disse-me, manifestando algum cansaço, que fazia 75 anos e não a idade inversa. A verdade é que o MR já leva qualquer coisa como 27.375 dias de vida cheia.

Num só homem, a riqueza de muitos livros, as proezas de um herói real, o domínio da saúde, a gestão da empresa familiar e as muitas leis que insiste em desobedecer.

Que o cansaço não te vença avô.

segunda-feira, 26 de maio de 2008

Antestreia adiada

Adoro os inícios dos textos.
Sobretudo de escrevê-los.
Ainda hoje, quase nove da noite, numa das mais de milhentas viagens de comboio na linha de Cascais, rumo a Lisboa, num daqueles regressos a casa característicos de uma segunda-feira, achei as entradas para dois artigos que esperam ser escritos. Diz um grande amigo, H., quando os lê: “Vê-se mesmo que foste tu que os escreveste!” E eu rio-me. Dentro e fora de mim. Sabe, quem me conhece, que não gosto de ir directa ao assunto. Aliás, floreios sempre foram a minha especialidade. Contornar o assunto. Sem “nãos”. E, vejo-me agora na iminência de ter que descobrir um prelúdio convincente para o meu primeiro post. Uma gestação que leva quase nove meses, o mesmo tempo que tem este blog. Um parto difícil, diriam. Eu também. E acrescentaria: sentido.
Lembro-me das discussões que tivemos para escolher o nome desta página colectivamente pessoal. E recordo-me das dezenas de ideias que surgiram para o tema do meu primeiro post. Só que, na primeira vez que tentei escrever alguma coisa – e foi apenas no dia 15 de Março deste ano –, fui interrompida pela ventania que se fazia sentir nas muralhas do Castelo de S. Jorge, numa altura em que me tinha afluído a inspiração. E as tantas palavras que havia escrevinhado na agenda de 2007 que, por aqueles dias continuava perdida na minha mala, foram remetidas ao esquecimento. Até que, há alguns dias atrás, as encontrei. Foram directamente para o caixote do lixo. E é por isso que não gosto de manter um diário da minha vida. Das poucas vezes que o tentei, fui incapaz de reler o que havia imprimido a custo e, por vezes, com cuspo.
Numa conversa recente com a M., uma colega de trabalho, confessava-lhe a displicência que nutro pelos escritos diários. Gosto de escrever, adoro descortinar inícios, anseio pelos anos que ainda me esperam de páginas em branco à espera de serem redigidas numa qualquer revista ou jornal. Contudo, chegada a casa, apetece-me fazer tudo menos alimentar essa vontade das letras. Não há necessidade, já dizia o outro.
É difícil parir.
Mas, esta noite, enquanto lia os posts dos meus colegas, senti uma vontade incontrolável de deitar as mãos ao teclado.
Na senda do melhor início.
O meu primeiro início.
A inspiração há-de chegar…

Acho que vou esperar que saia a ferros, mesmo que deformado. Ainda não vai ser hoje.

quarta-feira, 21 de maio de 2008

Just the two of us

Como já disse, a Beatriz tem cinco anos. Há dias, anunciou-nos, como se fosse um dado adquirido, que vai arranjar um namorico assim que entrar para o primeiro ano.
- E para é que queres um namorado, Beatriz? – perguntámos nós.
- Para irmos os dois para a beirinha da serra. – respondeu ela, com a simplicidade de quem pensa estar a explicar o óbvio.
- Para a beirinha da serra? – surpreendemo-nos. – Fazer o quê?
A Beatriz pára, pensa durante um segundo e remata, romântica:
- Ver o mar.

segunda-feira, 19 de maio de 2008

O homem de smoking


A Beatriz tem cinco anos. No outro dia, enquanto jantava com os pais, em casa, apontou para a televisão e disse:
- Olha o Sócrates!
Os pais, de boca aberta, olharam um para o outro primeiro, depois para ela:
- Beatriz, tu sabes quem é o Sócrates?
E ela, impassível e segura de si, como sempre:
- Sim, é um homem que fuma.

Para ti M.

Hoje esmeraste-te.

Mantiveste-me acordada toda a noite e, como ninguém, deixaste marcas. Profundas.

Obrigada pela persistência. Sem dúvida, conseguiste o que querias: lembrei-me de ti todo o dia!

Maldito mosquito. Logo há Dum-Dum. Quero ver se fazes mais barulho e picas os 2 cm2 de pele que sobraram isentos.

quarta-feira, 14 de maio de 2008

À mesa com Nossa Senhora


No dia da aparição de Nossa Senhora de Fátima, o Oje consegue o milagre da aparição de Nossa Senhora Maria Duarte Bello, padroeira da etiqueta e do bem parecer, na página 14 do diário de cunho económico.

Qual Bíblia dos bons modos, o Oje publica Os 10 Mandamentos do comportamento à mesa avançados pela profissional do coaching e gestão de imagem à qual, a partir deste dia determinante, passo a prestar homenagem partilhando com todos vós as regras do saber estar entre copos e pratos.

No dia em que se pagam promessas, ofereço a minha devoção a Nossa Senhora e deixo a minha jura: irei acatar com os 10 mandamentos em toda e qualquer mesa que tiver o privilégio de sentar o meu corpinho tão bem comportado a partir de hoje.

E, agora, com os devidos comentários, os 10 Mandamentos.

1º Abolir o desejar bom apetite. É um hábito em desuso e pouco elegante.

(Mais fashion é desejar que o repasto caia muito mal e que azede a boquinha do mais doce convidado. Melhor, é nem esperar que todos estejam servidos para começar a accionar o maxilar).

2º Postura adequada. Sentado de costas bem direitas, levando o talher à boca e não a boca ao talher. Os cotovelos não devem estar apoiados na mesa enquanto come, só os pulsos. Não descalçar os sapatos debaixo da mesa.

(Espera lá, “não descalçar os sapatos debaixo da mesa”? Parece que a Nossa Senhora Maria Duarte Bello não é assim tão casta e já está a imaginar cenários de sedução assente no numerito da tipa que se descalça para descansar os delicados e atrevidos pés no “colo” do senhor elegante da frente. Minhas senhoras amigas de aventuras deste género, vamos então atacar assim mesmo, com os sapatos de biqueira afiada devidamente calçados. Na vida, há que deixar marcas).

3º Saber usar o guardanapo. Deve colocar-se sobre o colo e não enfiar na gola ou fazer dele um avental. Limpar sempre os lábios antes e depois de beber para não deixar marcas no copo. Quando se levantar da mesa coloque à esquerda do prato sem o dobrar.

(Ora aqui está algo genial…fazer do guardanapo um avental. Desconheço a técnica. Por acaso, os guardanapos de papel a que estou habituada, da marca Sou, permitem, em dimensão e resistência, fazer as coisas mais geniais. Por acaso, enquanto espero pelo prato, costumo criar vestidos de noiva, tendas de campismo, cortinados e jogos de cama. Aventais, por acaso, nunca experimentei, mas agora percebo que não é de bom tom).


4º Uso correcto dos talheres. A faca é o único talher que não é levado à boca. Os alimentos devem ser cortados e comidos um bocadinho de cada vez. A faca é dispensada quando os alimentos podem ser cortados sem dificuldade com garfo, como lasanha, ovos mexidos e saladas. Usa-se as mãos para partir pão, comer espargos, marisco e frutas de pequenas dimensões como cerejas e tâmaras.

(É bom saber que há alguém que se preocupa com a nossa saúde. Os meus pais nunca me ensinaram que as facas não se levam à boca. Toda a vida sofri de cieiro nos lábios…não é mãe? Afinal, eram as facas com que comia que me estavam a maltratar. Maria Duarte, és o meu anjo da guarda. Nunca mais levo uma faca à boca).

5º Tossir ou espirrar. O mais discreto que conseguir e nunca em direcção aos vizinhos de mesa ou respectivos pratos. Para assoar dá-se uma volta ao corpo, afastando-se ligeiramente com o mínimo de ruído sem olhar para o lenço e dobrando rapidamente. Caso necessário pedir licença para sair da mesa e voltar recomposto.

Sou uma reles pecadora. Aos teus joelhos me vergo Nossa Senhora. Uma vez, uma única vez, atenção, o acto de assoar não foi tão silencioso como gostaria. E uma outra vez, na volta da saída para uma valente assoadela, não regressei devidamente recomposta. Tinha o cabelo um pouco desalinhado do vento que se fazia sentir na rua e, pior, na ausência de lenços, tive de recorrer a um guardanapo de papel. A parte boa é que não o estava a usar como avental).


6º Evitar gestos vulgares. Não emitir ruídos ao mastigar ou engolir, não inclinar a cabeça sobre o prato. Não cheirar nem afastar a comida com o garfo para a beira do prato. Mastigar com a boca fechada e só após ter engolido se leva outro pedaço à boca. Não beber e mastigar em simultâneo.

(Pronto, este mandamento é lei para a vida. “Só após ter engolido se leva outro pedaço à boca”. Aqui está uma dica preciosa e altamente inovadora. Toda a parte dos ruídos cheira-me a algo de subliminar como “basicamente, não comam. Vivam do ar que é bem mais fashion e não engorda”. Para Nossa Senhora, alimentos como pão torrado, batatas fritas tipo pála-pála, bolachas ou massa folhada, não fazem parte da roda alimentar).

7º Conversa equilibrada. Evitar dirigir-se sempre à mesma pessoa evidenciando preferência. Equilibrar o tempo na conversa que mantém à direita e à esquerda.

(Eu sabia, o senhor engraçado que falou muito comigo num jantar em que era a única portuguesa num raio de 100 Kms, viu em mim a eleita para a vida. Logo vi que fui a preferida do senhor que tinha, ao lado direito, uma loira lindíssima que, para além de não falar uma palavra de português e inglês, não parava de comer).

8º Valorizar a qualidade e o aroma. O vinho deve ser bebido lentamente não esvaziando o copo de uma só vez. Não se ergue demasiado o copo e muito menos
inclina a cabeça para trás como fazem os passarinhos.


(Acabaram-se os penalties meus amigos. Mas, pior do que isso, acabaram-se as imitações de passarinhos. Sim, eu sei que imitava muito bem um lindo rosicolor, mas isso acabou-se. A partir de agora, beber vinho ganhou uma dimensão espiritual e espero que o respeitem).


9º Minimizar os incidentes. Não chamar a atenção para um copo ou talher sujo, cabelo
no prato ou um visitante indesejável na salada (com excepção de refeições no restaurante e mesmo assim com discrição). Se entornar vinho sobre a toalha desculpe-se, se o fizer no vizinho de mesa ofereça-se para ajudar sem insistir exageradamente.


(A partir de hoje, as minhas refeições vão pautar pela minimização de incidentes. Visitantes indesejáveis na salada passam a ser bem-vindos. Aliás, sempre defendi que fauna e flora não devem ser separados. Fica a dúvida: o que faço se entornar vinho sobre mim mesma?).

10º Para brindar. Os brindes fazem-se no final da refeição após um discurso. Levantar o cálice e beber sem bater com os copos uns nos outros ou proferir o conhecido tchim-tchim. Quem é abstémio, finge beber. Desastre total é ter um copo na mão com o dedo mínimo levantado.

(Nossa Senhora, agora é que me tramou. Então, agora só vou poder brindar no final da refeição e depois de um discurso? Pior, não posso levantar o dedo mínimo? Não sei se vou conseguir cumprir com estes mandamentos. Confesso que será mais difícil do que pensava, mas agrada-me que seja de bom tom fingir beber quando se é abstémio. Será que, num rasgo de altruísmo, posso também beber do copo do fingidor? Prometo que o farei muito discretamente).

terça-feira, 13 de maio de 2008

Prontos...

É oficial. Um elemento do meu universo laboral utiliza, amiúde, a expressão que dá nome a este post de sentido desabafo.

domingo, 11 de maio de 2008

Ou então é só porque me identifico com o Zavalita

Se “Conversa na Catedral” não é o meu livro favorito, então não sei qual é. É tudo bom: o retrato social, a imprevisibilidade, o domínio ímpar da ordem narrativa. É daqueles romances que, por tão apaixonantes, criam a ambiguidade: queremos chegar ao desfecho a todo o custo, mas também desejamos que o livro nunca chegue ao fim.

A acção é contada através de uma sucessão de analepses e prolepses. No início do livro, Santiago Zavala, o protagonista, encontra-se com o velho motorista da família, a quem não via há anos. A longa conversa entre ambos, que conta, a espaços, com a participação de um colega de trabalho de Santiago, é o eixo estrutural à volta do qual a narrativa vai crescendo.

Os diálogos são intercalados com acção e com outros diálogos. Ao todo, Mario Vargas Llosa conta cerca de 30 anos numa sucessão de analepses e prolepses, através das quais vamos percebendo, peça a peça, o sentido da intriga. À medida que tenteamos o caminho à nossa frente, arriscando desenlaces, o autor faz-nos regressar ao passado para consolidar a compreensão da estória.

E o mais fantástico é que não nos perdemos. Mario Vargas Llosa é estupendamente criterioso na forma como nos vai negando ou cedendo elementos para a compreensão da acção. Nada a mais, nada a menos. Por vezes, cruza sentimentos similares em épocas distintas, num estímulo à identificação; outras, intercala a vida de personagens díspares, evidenciando o contraste.

O resultado é uma prosa cristalina e sem escolhos. E a sensação de que não há forma mais natural de escrever.

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Comunicação precisa-se!

Vivo num paradoxo imenso. Trabalho em comunicação e deparo-me, diariamente, com graves problemas de comunicação entre elementos chave do meu pequeno universo laboral. E estes problemas de comunicação, que acabam por ter consequências no ambiente de trabalho, devem-se a uma paradoxal e total ausência de…nem mais, comunicação.

A falta de diálogo entre seres humanos é algo que me provoca tremenda alergia. Já vi relações acabarem por prolongada ausência de comunicação, outras que nem começaram devido ao mesmo motivo e, agora, vejo projectos com imenso potencial acabarem assim, antes mesmo de começarem, por causa da maldita abstinência de comunicação.

Que me interessam os elevados numerus clausus anuais das licenciaturas de comunicação, os cogumélicos masters, os MBA, as pós, os doutoramentos, os mestrados, os festivais, os workshops…se depois, na prática, as pessoas simplesmente não comunicam? Que paradoxo…escrever comunicados de imprensa para, precisamente, comunicar eventos, posições, produtos, pessoas, ideias…e constatar que, a escassos metros de distância, parte do meu público-alvo mais próximo, diga-se, geograficamente próximo, é impermeável a releases de diálogo honesto e adulto.

O facto desta ausência de comunicação, e consequente fim que se avizinha, ser totalmente exterior à minha pessoa e actividade aumenta ainda mais a minha “irritação” e incompreensão perante as atitudes que tenho vindo a testemunhar.

E, assim, nesta impotência forçosamente a cumprir, assisto ao fim anunciado de projectos em que acreditava, mesmo não sendo meus, e ao afastamento eminente de uma presença que, ainda que pouco presente, lá me ia enchendo de indisfarçado contentamento. Teremos sempre a comunicação meu caro.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

A pouco e pouco...



Ontem quando entrei na cozinha da minha mãe não pude deixar de esboçar um sorriso...

A Dona Gi diz que estavam boas.