“Mas porque não tentas viver isso que sentes?!”
“Porque tenho medo”.
“Medo do quê?”
“Sei lá! Medo!”
Na idade em que tatuava os livros dos meus pais, pensava que o amor era uma coisa fácil de entender e ainda mais fácil de ser vivida. Acreditava que a fórmula era simples: uma pessoa gostava da outra, essa outra correspondia o sentimento e viviam felizes. Assim, sem tirar nem pôr. As pessoas demonstravam os sentimentos, faziam coisas juntas, diziam palavras bonitas, sorriam como parvas. Isso era o amor. Com a mesma simplicidade, cedo percebi que os meus pais não deviam sentir isso…porque não faziam nada disto, aliás, mal se falavam. E assim, apreendi que quem amava dizia e mostrava que amava. Sem reservas. Quem não amava, não se encontrava. Não se falava. Não estava.
Mas o tempo obrigou-me a ver uma realidade bem mais complexa. Embora nunca tenha compreendido muito bem, a verdade é que as pessoas podem amar e ser amadas, sem se falarem; podem amar e ser amadas sem fazerem coisas juntas; podem amar e ser amadas sem estarem; podem amar e ser amadas sem arriscarem, sem viverem.
E assim, mesmo sabendo disto, hoje não pude deixar de ficar “chocada” ao ter este diálogo com uma amiga que ama, é amada, mas tem pânico de viver o amor com medo que tudo corra mal. A mesma que “tenta” com tantos outros histórias que se desfazem mesmo antes de começarem. E perante o susto do amor recua com medo que desta vez a tatuagem seja definitiva.
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