Adoro os inícios dos textos.
Sobretudo de escrevê-los.
Ainda hoje, quase nove da noite, numa das mais de milhentas viagens de comboio na linha de Cascais, rumo a Lisboa, num daqueles regressos a casa característicos de uma segunda-feira, achei as entradas para dois artigos que esperam ser escritos. Diz um grande amigo, H., quando os lê: “Vê-se mesmo que foste tu que os escreveste!” E eu rio-me. Dentro e fora de mim. Sabe, quem me conhece, que não gosto de ir directa ao assunto. Aliás, floreios sempre foram a minha especialidade. Contornar o assunto. Sem “nãos”. E, vejo-me agora na iminência de ter que descobrir um prelúdio convincente para o meu primeiro post. Uma gestação que leva quase nove meses, o mesmo tempo que tem este blog. Um parto difícil, diriam. Eu também. E acrescentaria: sentido.
Lembro-me das discussões que tivemos para escolher o nome desta página colectivamente pessoal. E recordo-me das dezenas de ideias que surgiram para o tema do meu primeiro post. Só que, na primeira vez que tentei escrever alguma coisa – e foi apenas no dia 15 de Março deste ano –, fui interrompida pela ventania que se fazia sentir nas muralhas do Castelo de S. Jorge, numa altura em que me tinha afluído a inspiração. E as tantas palavras que havia escrevinhado na agenda de 2007 que, por aqueles dias continuava perdida na minha mala, foram remetidas ao esquecimento. Até que, há alguns dias atrás, as encontrei. Foram directamente para o caixote do lixo. E é por isso que não gosto de manter um diário da minha vida. Das poucas vezes que o tentei, fui incapaz de reler o que havia imprimido a custo e, por vezes, com cuspo.
Numa conversa recente com a M., uma colega de trabalho, confessava-lhe a displicência que nutro pelos escritos diários. Gosto de escrever, adoro descortinar inícios, anseio pelos anos que ainda me esperam de páginas em branco à espera de serem redigidas numa qualquer revista ou jornal. Contudo, chegada a casa, apetece-me fazer tudo menos alimentar essa vontade das letras. Não há necessidade, já dizia o outro.
É difícil parir.
Mas, esta noite, enquanto lia os posts dos meus colegas, senti uma vontade incontrolável de deitar as mãos ao teclado.
Na senda do melhor início.
O meu primeiro início.
A inspiração há-de chegar…
Acho que vou esperar que saia a ferros, mesmo que deformado. Ainda não vai ser hoje.
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3 comentários:
Esta estreia promete! Que bom ver as iniciais JP neste nosso blog :)
Beijo enorme!
É verdade, finalmente umas iniciais novas! Muito bem, gostei de ver.
Já agora deixa-me dizer que percebo a tua falta de vontade de escrever depois de passar o dia a... escrever. Por isso é que, como dizia a um amigo há dias, este é um blogue sem preocupações de actualização e onde o pessoal escreve uns disparates quando lhe apetece.
Bem-vinda!
E mesmo não sendo um blog que paute pela actualização, o certo é que a mancha de bandeirinhas não pára de crescer no mapa! Meus amigos, estamos perante um caso sério de internacionalização!
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