Andy é casado há mais de dez anos. Uma vez por semana, a mulher dorme com o seu irmão. Mais novo, mais bonito, olha para Gina como uma mulher atraente (Que é. Muito). Andy tem o cabelo alourado, oleoso, penteado de modo a disfarçar as falhas de idade. E de carácter. Gina só o atrai nas férias (Gina e Hank continuam a encontrar-se todas as quintas-feiras. Andy não percebe. Gina só quer o prazer de umas horas. Hank gosta dela). Um dia Gina sai de casa. Grita a Andy que se encontra com Hank. Tem de gritar. Andy nunca se importou o suficiente para perceber.
Uns segundos depois, a voz de Gina amolece: não tem dinheiro para o táxi. Para carregar duas malas, meia vida, e um corpo de quarenta anos que alguém ainda acha bonito (E é.) Andy arrasta o seu corpo pesado, procura a carteira, tira as notas. O filme continua. Ninguém parece importar-se demasiado com a história, já gasta, de Andy, Gina e Hank (É apenas um episódio). Eu paro ali, a pensar nos limites do amor. Em Gina, que se curva mais um pouco para pedir dinheiro ao marido (Porque é que não chama um táxi e pede à mãe que o pague?). Em Andy, que estende as notas sem hesitar (Será que se importa assim tanto? Ou tão pouco?). Em Ricardo, que esperou quarenta anos por Lily, a sua menina má (Esta já é outra história). E em Lily, a chileninha que afinal não o era, e que também não era tão má quanto isso. No sonho de Ricardo – uma vida pacata em Paris – e no amor por Lily. O único. (Será possível amar alguém para sempre? Espero que não. Ou então sim. Não consigo decidir-me).
Quais são os limites do amor? E que rostos se escondem quando nos apaixonamos? Lily, a aventureira, ambiciosa (Faz-lhe falta o dinheiro que não teve em criança). Ricardo que sempre esteve ao seu lado. Com a sua vida pacata em Paris. Que nunca chegou. Andy, o menino feio, com a mulher bonita, que para ele não era assim tão bonita. Hank e a mulher do irmão, que para ele sempre foi bonita, com os seus seios pequenos. As seringas de droga de vez em quando. Os tiros. O pai de Andy e de Hank, que apaga a beleza que resta com uma almofada.
domingo, 26 de outubro de 2008
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