Naquele que é o primeiro dia do resto da Presidência de Barack Obama, fica a pertinente opinião de Paulo Pinto Mascarenhas sobre o papel das agências de comunicação na esfera política. É de Setembro (já era para ter sido postado) mas não perde, de todo, a actualidade.
Comunico, logo existo
Comunicação é poder. Nas nossas sociedades mediáticas, pode ser um tiro no pé acreditar que se deve dispensar qualquer um dos instrumentos existentes para comunicar uma mensagem, seja esta de que natureza for. Pouco tempo depois de ser eleita presidente do PSD, Manuela Ferreira Leite (MFL) fez saber que não iria trabalhar com qualquer agência de comunicação. Com esta posição, pretendia estabelecer um padrão de diferença em relação ao seu antecessor, Luís Filipe Menezes. E, claro, a nova líder da oposição queria distanciar-se daquilo a que vulgarmente apelidamos de “políticos de plástico” – em alegada contraposição com o estilo do primeiro-ministro José Sócrates. Ela, definitivamente, não era uma”política de plástico” e, por isso, poderia dispensar o auxílio de outros meios. A sua autenticidade seria suficiente para convencer os portugueses. Esta tomada de posição de MFL constitui um duplo erro. Em primeiro lugar, nenhum político é de plástico por causa das agências de comunicação. A autenticidade é uma qualidade que se tem ou não se tem. É impossível inventá-la. As agências de comunicação não fazem milagres, nem são elas que produzem os “políticos de plástico”. Em segundo lugar, ao afastar o apoio profissional de quem sabe como transmitir a mensagem, MFL reduz drasticamente as possibilidades de sucesso. Nenhuma agência de comunicação é capaz de transformar em autêntico o que é falso, ou vice-versa, como ficou comprovado com o antecessor de MFL na liderança do PSD. Porém, nenhuma mensagem – por mais verdadeira que seja – consegue alcançar a sua meta se não atingir o público-alvo, neste caso, os eleitores portugueses. É caso para dizer, “comunico, logo existo”. As agências são apenas um dos instrumentos ao dispor no processo de transmissão de determinados conteúdos. Devem ser entendidas – e utilizadas – nessa justa medida. Já agora, MFL também deveria meditar nas vantagens da blogosfera. Como se constata facilmente (…) os blogues integram, cada vez mais, o circuito de transmissão de mensagens. Não há como ignorá-los ou procurar reduzir a sua relevância na produção de opinião e informação, apesar da forma algo displicente como – ainda – são tratados por outros meios. Até quando?
Paulo Pinto Mascarenhas
Plano B nas agências de comunicação
Jornal de Negócios
25.09.08
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