
Às vezes saímos da sala de cinema muito impressionados com um filme que achamos fantástico. Outras vezes, é só passados dias ou semanas que realmente nos apercebemos de como a estória nos tocou. Mais raro é receber um filme como uma facada que, depois da dor inicial, deixa uma cicatriz que vai permanecendo para lá do que julgávamos razoável.
"A Outra Margem", de Luís Filipe Rocha, é sem dúvida um dos melhores filmes que já vi. As interpretações dos actores são muito consistentes, nalguns casos brilhantes, e a fotografia transforma as margens do Tâmega, em Amarante, num idílio que apetece visitar. (Que grande cartão de visita para a cidade!)
Quanto à estória, está resumida numa sinopse disponível no sítio da película desta forma:
"Um travesti que perdeu o gosto pela vida é confrontado com a alegria de viver
de um adolescente com síndrome de Down."
O fantástico protagonista Filipe Duarte, cujo trabalho numas quantas telenovelas eu desvalorizava até agora, foi convidado a explicar sobre o que tratava o filme, em directo para a Praça da Alegria. Atrapalhado, balbuciou "Trata de muita coisa..."
Sim, "A Outra Margem" trata de quase tudo. Tolerância e preconceito, à cabeça. Mas também amor, respeito, medo, afecto, angústia, sonho.
Um filme a não perder. Por ninguém.
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